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segunda-feira, 16 de março de 2015

Arte post morten ou a arte do insucesso

Galeria do Casino Estoril: uma selecção no mínimo infeliz,
para um espaço onde já foi prestigiante expor

Diz acertadamente o ditado que ninguém é santo dentro de casa, mas há milagres cuja escassez é difícil de entender.  Como é o caso da Galeria de Arte do Casino Estoril, no badalado concelho de Cascais.
Terra de gente bem e de bem, com muitas qualidades justamente reivindicadas por todos os quadrantes políticos e sociais, morada de alguns dos maiores coleccionadores de arte particulares conhecidos, vê o seu panorama de artes plásticas confinado a uma única galeria comercial e a esporádicas iniciativas apoiadas ou negligenciadas pela edilidade local, conforme a direcção dos ventos que, como se sabe, são uma constante da região.
Já na referida galeria a constância é de diversa natureza. Há quarenta ou trinta décadas pouco abana ou agita as mostras de artes plásticas sob a égide do seu longevo director.
A insistência nos mesmos nomes e nos mesmos "salões", sem brisas refrescantes, faz-nos pensar em Arte post morten naquele espaço, onde a cada inauguração se enraiza o tédio e a convicção de que nada de novo ou interessante existe para mostrar nas artes deste concelho.
Até a disposição das obras parou no tempo e nos mesmos expositores, espartilhadas na falta de entusiasmo de quem decide como apresentar telas e esculturas no espaço.
A falta de paixão pela nobreza da arte e dos artistas é tão evidente que nem surpreende o trato fechado e quase hostil do director da galeria.
Haverá, com certeza, melhor destino para a cultura e os dinheiros a ela reservados, num futuro muito próximo e de acordo com as legítimas expectativas dos apreciadores de arte locais. E dos artistas da nossa terra, cujo trabalho merece galerias e galeristas à altura do seu trabalho.

David Bonsucesso