Mostrar mensagens com a etiqueta extorsão. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta extorsão. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Parquímetros, para que vos quero?

Praia da Rainha em desenho de Luís Gabriel
Os parquímetros nas praias do concelho de Cascais vão ser mais uma forma de afastar os cidadãos do usufruto de paisagens e locais que são muito mais seus do que das pessoas a quem pagam chorudos ordenados para decidir por elas quem tem o direito de gozar o que a Natureza lhes oferece gratuitamente no local onde habitam.
A aprovação destas medidas não exime os eleitos de explicar as razões pelas quais tomam estas medidas. E não se está a falar, evidentemente, do alegado caos de estacionamento provocado pela época balnear, perfeitamente gerível pelas forças de segurança do concelho ou por medidas sazonais capazes de apoiar os prazeres de quem por cá vive e paga os seus impostos.
Quem de facto ganha com a instalação dos parquímetros nas praias de Cascais? A edilidade? As empresas escolhidas em concursos públicos? Por que razão, uma câmara que faz tanto regabofe para anunciar inaugurações de ruas e de passeios remendados, mais iniciativas cujo benefício se pode entender como duvidoso para os cidadãos locais, não publicita igualmente os passos que dá na concessão dessas explorações? Quem está a ganhar de facto com a instalação dos parquímetros no concelho de Cascais e onde é aplicado o dinheiro arrecadado com esses aparelhos?
Como é que a Câmara Municipal de Cascais vai gerir, por exemplo, a presença dos surfistas e os diversos eventos a eles ligados, que tanto anuncia nos seus meios de comunicação e nos que pode financiar? Vai atribuir privilégios especiais a esses e outros, excluindo os restantes munícipes? Com que direito? Isto só para mencionar algumas hipóteses.
Se o circo é que está a dar, como já se viu noutras ocasiões em que festas megalómanas invadiram o centro da vila -- e aí fica fora de questão a regulação do caos -- como é que a edilidade se propõe entreter os milhares de pessoas que de repente deixam de ter capacidade de frequentar as suas praias? O preço e o serviço dos transportes públicos, que já nem sequer deviam ter esse nome, são muito menos económicos do que o uso de um carro particular para uma família, por exemplo.
Será que vamos passar a ter o Anselmo Ralph no interior do concelho, a entreter as pessoas e a impedi-las de ir para a praia contrair cancros de pele e outras maleitas que ferem igualmente o erário público?
Em que momento epifânico se decidiu que os impostos servem para pagar a quem nos subjuga em vez de nos servir? Em que altura eleitos pelo povo se acharam no direito de promover medidas e leis que apenas sufocam quem neles confia?
A Natureza bafejou Cascais com muitas regalias, todas elas gratuitas, para felicidade de quem aqui vive. A ordem é possível e desejada, para manter as pessoas contentes com o uso que fazem dos seus contributos para a sua manutenção.
Além disso, a beleza natural do concelho nada é sem as pessoas que a admiram e a apreciam. Tirar-lhes isso e oferecê-las a um punhado de pagantes, à custa do seu contributo, é imoral e inaceitável. Funcionários e eleitos da autarquia trabalham para quem lhes paga, não para grupos de chupistas a quem nunca chega o que têm.
A esses se deseja que comecem rapidamente a gozar o fruto da sua extorsão e que nos deixem em paz.